Ministro do STF critica manobra que permitiu aprovar a nova maioridade
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Dicionário Michaelis muda definição de casamento após pressão online
De "União legítima entre homem e mulher" para "Ato solene de união entre duas pessoas".
A petição online criada pelo paulista Eduardo Santarelo surtiu efeito: casado há três anos com o companheiro Maurício, ele pedia a alteração da definição de "casamento" no tradicional dicionário Michaelis em português.
Após mais de 3 mil pessoas endossarem o pedido de Maurício no site Change.org, Breno Lerner, diretor da Editora Melhoramentos, responsável pela publicação, se posicionou: "Agradecemos ao organizador e signatários por nos alertarem sobre este importante tópico", disse Lerner. "Solicitamos a nossos dicionaristas uma nova redação do verbete."
A mudança na versão digital do dicionário já aconteceu. "Para as versões em papel, conforme sejam feitas as reimpressões e novas edições, o verbete será corrigido", informou o diretor da editora.
Na definição anterior, casamento aparecia como "união legítima entre homem e mulher", e "união legal entre homem e mulher, para constituir família".
O novo verbete não traz em nenhum momento as palavras homem ou mulher – agora a definição de casamento se refere a "pessoas":
"Ato solene de união entre duas pessoas; casório, matrimônio. 2 Cerimônia que celebra vínculo conjugal; matrimônio. 3 União de um casal, legitimada pela autoridade eclesiástica e/ou civil; matrimônio", informa o Michaelis.
Parceria
No texto da petição, Santarelo diz que vive "três anos de amor e parceria" e que acredita ser "inaceitável que, até hoje, eu, meu companheiro e muitos outros casais ainda não sejam representados em um dos mais respeitados e influentes dicionários da Língua Portuguesa".
"O casamento entre pessoas do mesmo sexo tem desafios jurídicos e também simbólicos", afirma o cientista político.
"Por isso, fiquei muito chocado ao constatar que o dicionário Michaelis ainda define a palavra 'casamento' como a 'união legítima de homem e mulher'", diz, pedindo que "o dicionário compreenda o momento histórico" e mude esta definição "em respeito aos milhões de brasileiros que, como eu, constroem seus casamentos homoafetivos."
Ele cita a decisão recente da Suprema Corte norte-americana, que regulamentou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país.
No Brasil, cartórios são obrigados, desde 2013, a celebrar casamentos entre dois homens ou duas mulheres e não podem se recusar a tornar uniões homoafetivas estáveis em casamentos, com os mesmos direitos de casais heterossexuais.
A equiparação entre uniões entre gays, lésbicas e casais heterossexuais tinha sido reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) dois anos antes, em 2011.
Outros dicionários
Outros dicionários populares no Brasil já definem casamento como união entre pessoas, sem indicação de gênero.
No Houaiss, casamento é o "ato ou efeito de casar(-se)", "o ritual que confere o status de casado".
O Aurélio diz que casamento é o “contrato de união ou vínculo entre duas pessoas que institui deveres conjugais”.
Para Pedro Prata, diretor de comunicação da Change, onde a petição foi publicada, a iniciativa de Eduardo mostra a "eficiência da mobilização".
"Em dois dias, ele mudou um conceito que permanecia o mesmo há décadas", afirma. "A plataforma serve para todos os tipos de causas, para as mudanças que importam para as pessoas."
O que o Facebook e a Campbell Soup estão fazendo para tentar ler sua mente
(SÃO PAULO) - No trimestre passado, a Facebook Inc. contratou uma empresa chamada SalesBrain, de São Francisco, nos EUA, para medir como os consumidores responderam a anúncios visualizados em um smartphone em comparação com aqueles vistos em uma tela de TV.
Pesquisadores de redes neurais utilizaram vários sensores para medir a transpiração, o batimento cardíaco, o movimento dos olhos e a atividade cerebral dos 70 participantes. Conclusão: as pessoas recebem mais informação com um telefone celular do que por meio de uma TV e assistir televisão força o cérebro a trabalhar mais para combater distrações.
“Nossa proximidade física com a tela do celular alterou nossa percepção a respeito do tamanho do aparelho”, diz Helen Crossley, chefe de percepções de audiência da Facebook IQ, a unidade interna de pesquisa de mercado da empresa. “Isso está fazendo com que estejamos mais atentos e nos sintamos mais positivos em relação ao conteúdo”.
Uma série de novas empresas fundadas ou dotadas de pesquisadores especialistas em cérebros tem um conselho para os anunciantes: leiam as mentes de seus clientes. Em um mundo com capacidades de atenção cada vez menores, no qual os consumidores passam de uma rede social a outra e saltam rapidamente os anúncios on-line, os anunciantes estão recorrendo à neurociência para entender melhor como guiar os compradores em direção aos seus produtos.
“As pessoas não são comandadas pelo lado racional de seus cérebros, por isso a maioria das decisões de compra é tomada irracionalmente”, diz Itiel Dror, um neurocientista formado em Harvard que se aliou à consultoria BrandOpus, de Londres, para testar a reformulação do logotipo da canadense McCain Foods Ltd.
Dror pediu que 1.700 consumidores de sete países combinassem frases como “família”, “cordialidade”, “produzido em massa” e “fábrica” tanto com o logotipo antigo da McCain -- ou seja, o nome da empresa dentro de uma caixa preta simples -- quanto com o novo desenho, que mostra um pôr do sol sobre uma fazenda. A McCain está lançando a nova versão em 160 países.
Codificação facial
Essas empresas usam métodos como o monitoramento dos olhos, o escaneamento cerebral e a codificação social -- câmeras que analisam as expressões das pessoas e avaliam seu humor segundo a segundo -- para determinar as reações aos anúncios. A Associação de Neuromarketing para a Ciência e os Negócios, criada em 2012, tem mais de 1.000 membros em 91 países.
O campo ajuda os anunciantes a criarem mensagens simples que “deliberadamente misturam lembranças conscientes e inconscientes”, diz Dan Machen, diretor de inovação da HeyHuman, uma agência de Londres focada em neurociência. “Nós precisamos pensar no cérebro do destinatário como um sistema já superocupado e sobrecarregado”.
As potências tradicionais do setor estão percebendo isso. A Millward Brown, um braço de pesquisa da gigante publicitária WPP Plc, diz que começou a explorar a neurociência há quatro anos e que atualmente utiliza a codificação facial para testar todos os anúncios de TV nos quais trabalha. Em abril, a agência publicitária londrina Dentsu Aegis adquiriu a Forbes Consulting Group, uma empresa de neurociência de Massachusetts.
Condutividade da pele
E em maio a Nielsen, a gigante do ramo de índices de audiência, comprou a Innerscope Research, uma firma de neurociência de Boston que ajudou empresas como a Campbell Soup Co. e a Yahoo! Inc. a estudarem seus clientes por meio de testes biométricos que monitoram os ritmos cardíacos e a condutividade da pele.
No ano passado, a Neuro-Insight, uma firma de neuromarketing de Londres, ajudou a Twitter Inc. a avaliar as reações ao conteúdo colocando headsets nas pessoas para medir sua atividade cerebral enquanto elas estão on-line. Os pesquisadores descobriram que quando os assuntos apareciam em suas linhas do tempo na rede social, seus cérebros estavam quase tão ativos quanto quando abriam correspondências físicas -- e muito mais envolvidos do que quando estavam, digamos, navegando por sites ou assistindo a um vídeo.
Outra descoberta com um valor potencial para os anunciantes: quando desciam rapidamente a linha do tempo, os usuários não registravam os ícones das marcas, a menos que fossem simples e tivessem cores fortes, segundo Heather Andrew, CEO da Neuro-Insight.
“Essas coisas que as pessoas não sabem como colocar em palavras”, diz ela”, “nós podemos medir”.